Perdeu-se no acaso do
não dito, tentou se aconchegar no colo do mundo, mas o mundo, por certo não cabia em si e nele pouco ficava quieto. Algumas palavras tentavam sair de
sua boca, mas a confusão era tamanha que tudo se embaralhava e mal murmurava
coisas desconexas. Perdeu-se no acaso do ser só e não tentou se aconchegar mais
em lugar nenhum. ‘Nature Boy’, naturalmente contemplado e
contemplando, ‘... Um estranho e encantador rapaz... ’, sabido por demais,
pensando por demais e passando por demais as coisas, os escritos, os dedos
sobre a superfície árdua e bela da vida, como um armário antigo de madeira
cheio de poeira e com a ponta, não menos e não mais que a ponta do dedo
indicador, retira a poeira e deixa aquele caminho perdido, de não chegar a lugar
nenhum, apenas indicar que ali, bem ali, existe um mau zelo, um descuidado com
tudo. Não necessariamente confuso, ainda, observa as gaivotas que sobrevoam o
mar, os barcos e mergulham e pescam, perde-se até, vendo aquilo, imagina-se
leve, fluido, pairando sobre tudo e todos e de certo, o era, o é, afinal, sabe
do amor, mas sabe do amor numa profusão de tanta coisa, que por isso se perde,
acha-se, engana-se e ama, como todos, como tudo. Porque amar além de tudo,
também é confusão, choro, dor e silêncio.