segunda-feira, 24 de setembro de 2012

em brincar de ser mar

talvez bem possa sair da casca-pele, 
aquele consentimento passou
o porto foi quem ancorou
o jogo de entrave-desentrave sugeriu ficar
batidas de cascos-beijos dos navios
um frio espinhal de peixe
redes prendendo braços-âncoras
estivadores de um mar absoluto
o norte perdeu-se na bússola-tato
e o farol-olhos indicam os recifes de se perder.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Re[visitando]


Está inflamado.
Aquele órgão acelerado,
pulsando febre por todo corpo.
Tudo uma questão de estado,
Tudo uma questão de tempo,
Tudo uma questão de amor.
Sorvendo, fervendo, queimando.

Estive nas terras do rio. E eu ria tanto por estar lá. Voltei lá para me achar, para encontrar inspiração de vida, de palavras, de força maior que me mova para onde quero chegar. Divino e infernal. No papel com marca d'água free, escrevi o que transcorria dentro de mim, de meu sangue. Mas não ousei colocar tudo, apenas parte de um todo que corre solto, feito rio, feito vento, feito. E eu caibo dentro do improvável, sou o amor, sou a flor e o espinho também. Experiências que me transmutam, que me fazem fazer dos outros espelhos de melhoria íntima, sem ser abusivo, corrosivo, mas fazendo bem o bem. É fato o ato de se dar, de permitir que como os porcos espinhos no inverno ferrenho a gente se encoste e doe calor, doe amor, doe tudo que for bom. Voltei as terras do rio porque precisava mergulhar no lago, àquele que vive dentro de mim, mas que em certos lugares se torna mais límpido, de águas mais leves. Voltei porque precisava sair do eixo normal demais, do estado cheio de brumas e espumas salgadas. Fui. Voltei. Aqui estou, em casa, com asas, voando baixo, abaixo. Faites comme chez vous!

domingo, 22 de abril de 2012

Literatura Futebol Clube - O Livro

Bom, aqui detalhes da nova antologia na qual participo. É gollllllllllllllllllllll!!
Obrigado a Jana Lauxen, Editora Multifoco, ellen Freitas, Dani Guedes.





Editora Multifoco lança coletânea sobre futebol
Literatura Futebol Clube reúne textos de autores-torcedores versando sobre seu time do coração.

por Alessandra Carvalho.

Em se tratando de futebol, podemos dividir as pessoas basicamente em três grupos distintos: os que amam, os que odeiam, e os que são indiferentes.
O mais recente lançamento da Editora Multifoco, a coletânea Literatura Futebol Clube, organizada pela escritora Jana Lauxen, é um livro voltado, acreditem se quiser, para os dois últimos grupos acima citados – os que odeiam e os que são indiferentes.
- Para quem ama o futebol, não há nada a ser dito. Esta pessoa vai ler o livro e, provavelmente, vai se identificar com cada texto, com cada linha, com cada palavra. Minha ideia, quando resolvi organizar esta coletânea, era tentar explicar, aos que odeiam e aos que são indiferentes, por que o futebol mexe tanto com nossas vidas, com nossas cabeças e, principalmente, com nossos corações. Muitas pessoas simplesmente não entendem como alguém pode gostar de futebol, e pior ainda: como podem amar incondicionalmente determinado time. Este livro é uma resposta para estas pessoas. Pelo menos, uma tentativa de resposta, já que pôr em palavras o que se sente é sempre um tanto quanto complicado – explica Jana Lauxen.
No livro, encontramos textos sobre os times América Mineiro, Atlético Goianiense, Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Bahia, Ceará, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Juventus, Palmeiras, Santos, São Paulo, Vasco e, claro, a seleção canarinho!
Inclusive a capa, com ilustração do premiado caricaturista, chargista político e ilustrador Toni D’Agostinho, tem uma história. Segundo Jana, Toni se inspirou no estado patológico de nervos que se encontram seus amigos torcedores quando seu time está em campo. “Eu adorei. Possivelmente por que fico igual”, conta.
Todos os autores presentes na coletânea foram convidados por Jana para escrever sobre seu time do coração:
- Foi um projeto muito bacana e tranquilo de organizar, e os autores participantes ficaram realmente animados com a ideia. Até porque, o que pode ser melhor e mais divertido do que escrever sobre algo que conhecemos e amamos? Este, acredito, seja um dos principais motivos da qualidade e da criatividade dos textos que compõe o livro.
Por isso acredite, caro leitor, independente em quais dos três grupos citados acima você esteja (os que amam, os que odeiam, os que são indiferentes), você e sua estante merecem este livro.
Para entender o que pensa e o que sente um amante do futebol, para viajar pelo coração aflito de um torcedor, ou simplesmente para se divertir.
Um gol de letra.

Contatos para compra do livro: pliniogomess@hotmail.com

Abração

quinta-feira, 12 de abril de 2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

Da porta pra fora, Da porta pra dentro – o assovio da besta.


Quando do frio com dor e a febre que assola. Quando do calor sem vento, que a água escorre sem pena. Quando da apatia do sorriso, que a multidão se utiliza para disfarçar o dissabor. Quando da explosão de silêncio que as bestas impuseram, que o fino estalo da grama seca se torna um estrondo. Quando se lembrar da frase ‘... E os cães sempre hão de latir enquanto a caravana passar... ’. Tudo se remete ao caos e ao vazio, a insignificância com que tudo sempre é olhado, mas não é visto. Atônito. Cansado. Congelado no olhar mortal e fatal dos seus próprios olhos perante o espelho. Costumam se lembrar e acreditam que o passado foi melhor por esse ou aquele motivo, quando na verdade não escrevem uma linha sequer de uma história coesa. O que causa o vômito fétido e podre e nojento é a submissão ao nada, ao sem noção e os nacionais continuam sendo surrupiados e abandonados e enganados por aqueles mesmos vagabundos, covardes que sempre estiveram no ápice, postos ali para enfeitarem a mesa macabra do inferno que é o céu de prazeres e luxúria e ganância e inveja. Mas tudo não passa de um jogo bem jogado de toca a bola entre eles fazendo outros nós de bobinhos e a doença se alastra feitos formiguinhas indesejáveis e asquerosas que infestam a casa após um cano estourado, de onde escorre o doce e a sujeira do andar de cima. Nada de derrame de ousadia. Nem mesmo súbito entendimento e força para apertar o gatilho. Enquanto o assovio do vento que sopra na quina da porta a besta em muito já correu rua adentro, gritando: inclua-me fora dessa. 

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ao Rei não me fiz saber

Os sinos tocaram, não era hora cravada, mas era o exato instante de perceber. Tão clara quanto nítida tua imagem surgiu por detrás da vitrine. Não sabia o que fazer, não tinha me preparado ainda para isso, para tua imagem, tal qual o espectro de Xangô à minha frente. Não que tu te assemelhes com ele, mas o impacto flamejante da tua presença que se fez a mim, para saber que não adianta esconder o lixo debaixo do tapete, severamente a dor no meu peito me fez constatar que ainda te amo e que coro o rosto, que minha circulação aumenta e meu coração parece querer sair pulando-batendo-correndo por aí. E me vejo como uma das Yabás, que ao ver o Rei, buscam chamar a atenção Dele. Mas eu não quis, apenas fiquei ali, a ver-te belo e imponente, sabido de si, mas não tendo a mínima noção de mim. 

domingo, 1 de abril de 2012

Prego batido e ponta virada – Alusão provinciana ao desespero


Andar pelas ruas e perceber que os passos seguem as rachaduras do asfalto, perder-se dentro de qualquer fenda e palavras soltas saem gritando de dentro para fora, num inconsciente totalmente sabido, e vai-se escorrendo para dentro das arestas e rachaduras do chão. A entrada invertida da porta do céu escondia um véu triste, talvez até meio pálido, existia uma música ao fundo, que destoava do sino que marcava suas badaladas de uma hora qualquer. A janela esquerda não era tão fácil de alcançar e por isso também permanecia sempre fechada, ao contrário da porta dos fundos por onde entravam os patos e as galinhas e logo os cães vinham latindo de dentro colocando-os a correr em desespero. Mas tudo isso resumia um sentimento forte que se vestia de pálido para não espantar aquele a quem se destina toda essa loucura perdida. Essa história descabida de que ser feliz tem de estar em conjugação constante com o amor, mas o amor não quer sair de dentro das fendas, portas, janelas, rachaduras do chão, porta entrada saída invertida do céu descampado em forma de poeira que são nuvens. Ah! Como sexo despretensioso e beijo roubado faz bem a saúde mental que tanto adoece pela falta da realização deste gozo bendito que brota dos olhos quando se vê aquele a quem se destina essa confusão concisa, cigarros queimados tragados como que exorcizando os espíritos maus da desilusão, partindo partido por ir sozinho para as estradas do mundo, caminhos rachados – de um lado o eu do outro aquele a quem se destinam os passos que sempre ousam seguir adiante para sempre estar do outro lado da fenda e não se encontrarem em momento algum, ou somente nos sonhos sonhados que logo se transformam em pesadelos acordados, porque o asfalto continua aberto e mergulha sem rumo nas horas que são hortas do destino, e segue, segue, segue sem medo, descobrindo que o céu é longe, o caminho é longo e o amor se perdeu numa encruzilhada qualquer ou foram os cães que o puseram a correr como patos, galinhas ou gansos e num ato final de desespero se escondeu atrás do véu triste que era a cortina da janela que jamais será aberta. E não adiantarão que os batedores platônicos estejam desbravando, afinal sempre existirão dois lados entre o abismo, do amor, do sexo, do gozo e tudo um dia será calmaria e compreensão, mas não agora que tudo gira ao contrário e flui em descontento imaginário e solitário e pretenso ao caos. 

segunda-feira, 26 de março de 2012

MAR

Faz-me assim tranquila água.

Rosto translúcido a vibrar em tuas ondas.

Prende-me, lambe corpo esse que ama teu sal.

Veste minha alma depois de limpá-la.

E me faz assim, sempre a sorrir.




Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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