quarta-feira, 23 de março de 2011

Do meio que é o lado do centro

Rarefeito, talvez condensando um pouco de tudo, de quase qualquer coisa, tempo suspenso, boca mastigando um chiclete de menta sem sabor algum e duro de tanto morde, morde, morde e aperta no canto esquerdo da bochecha; o outro lado está meio dolorido, talvez uma infiltração na restauração antiga por demais que incomoda há dias, como também o calo seco magoado diariamente pelo coturno que comprara na liquidação e que ama tanto, mas machuca por demais. As horas correm tanto, os minutos parecem partículas de poeira carregadas pelo vento absorto do outono corrente. Tudo parece uma banda de jazz, bateria, contrabaixo, piano e o instrumento de sopro, todos correndo em disparada, querendo chegar há uma perfeição quase impossível para pessoas comuns, mas àqueles lá conseguem, inspirados, sincrônicos, desalinhados, como gatos em cima do telhado, em miados de cio incontestável. Agora esses dormem, os outros tocam, e ele pretendendo chegar há algum lugar, dança sob uma lua fácil, observado por olhos de volúpia e carinho de um estrelado céu.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Lançamento do Livro "Puros ensaios, Novos tempos"


Puros ensaios, Novos tempos

Oficialmente venho falar do lançamento do meu livro de poesias "Puros ensaios, Novos tempos", que saí pela Editora Multifoco. O lançamento será dia 26 de abril de 2011, a partir das 19h, no Tarrafa Botequim, Rio Vermelho, Salvador - BA.

A idéia de realizar o lançamento num bar é para aproveitar a energia que emana da boemia que tanto me inspira.

E aí está um pouco do que fala essas poesias que reuni neste livro, que trato com muito carinho.

Puros ensaios, Novos tempos.

Amar, sonhar, apaixonar-se, viver intensamente os sentimentos, gostar da solidão, sofrer. Poesia do acaso, das situações vividas, saboreadas, imaginadas. A poesia livre, livre como somos em essência: o importante é não deixar a ebulição do sentir passar despercebida. Puros ensaios, novos tempos é um retrato dos nossos ensaios diários, a forma de se jogar no meio de tudo, mas não há como voltar a trás, é marca, é sedimentação de experiências, é a busca pelo novo, o tempo inteiro.



quarta-feira, 9 de março de 2011

Pra falar de amor

"... Pra falar de amor
Use o coração
Ouça seu desejo
Siga a paixão
Tire os pés do chão..."

Vânia Abreu


Queria falar de amor, mas a ópera que toca não me deixar pronunciar nenhuma palavra. E deitado, olhando o teto, solto em pensamentos, percebi que não cabe nesse momento falar de nada, porque é tudo tão limpo, nítido. Teus olhos tão leves no olhar, no ver tudo ao redor, tu sorris com eles e quando junto à boca, tudo é mais luminoso. Tua beleza é maior, tamanha, que chego a me espantar. Estar contigo é tão mágico, tua maneira de afastar os cabelos dos olhos, de rir de tudo quando acha graça. De buscar minha atenção, mesmo que seja me fazendo cócegas. Amo-te. Mas te amo pleno, sem medo do amanhã, dos dias tristes, das coisas que outrora podem vir a amargar. Amo desigual, crescente, fácil, justo. É mais que um amor de carne, de coração, és amigo, és cúmplice, mesmo quando bates de frente, quando não gosta de algo, porque me falas a verdade, mesmo que ela venha a doer momentaneamente. Lembrei quando tomamos aquele porre de vinho ouvindo a Maria Callas, parecia que o mundo ia se acabar e por isso bebíamos, bebíamos e catávamos e dançávamos – um dia mágico que sempre me toma os pensamentos. Como é bom saber de nós, do nosso tom acertado, do nosso encaixe. E todas as vezes que te vais, porque assim faz-se necessário, morro de saudade, espero-te, amo-te mais ainda, porque a distancia maltrata, mas também alimenta. Desejo que os dias passem, voem, para eu poder reencontrar teus olhos, tua boca, teu jeito expansivo. Escrevo-te porque hoje não quero falar e ópera realmente me cala. Mas estou aqui, pronto, esperando tuas mãos, tua voz, cheiro, suor. E por aqui fico, ouvindo a Maria Callas, tomando nosso vinho preferido, enquanto minha alma e meu corpo clamam por ti.

terça-feira, 8 de março de 2011

Porta retrato em branco

Parte de mim está seguindo e a outra parte segue junto, afinal, não posso me dividir, não posso me deixar. Estou concentrado em não ficar correndo atrás de minha cauda. O navio dos sonhos já não me interessa mais; Realidade, isso sim é relevante, os desatinos já não cabem mais em meu roteiro, erros devem existir, fazem parte da existência, mas permanecer neles, é fraude, é burrice, isso também já não me cabe mais. Que venham as horas, os dias, os meses, os anos. Definitivamente começo a marcar meus passos no chão.

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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