sexta-feira, 29 de abril de 2011

Bate estaca na construção

Espelho quebrado em milhares de cacos, pés descalços sobre os estilhaços, sangue correndo por entre tudo e o chão forrado de pedaços loucos de um pé espelhado. Aquele pássaro já não canta por essas bandas e sinto saudade de seu canto triste que de alguma forma me aliviava o coração. Aquela criatura queria me fazer cair, ver-me tombar, mas eu sabia o que ela queria e por isso preparei minhas fundações, minhas raízes e nada será capaz de me fazer triste. Nesses dias de chuva existe um sol raiando dentro de mim.

domingo, 10 de abril de 2011

Jogo de vôo raso com borboletas coloridas

Onde cabia o se entregar,

Justo tempo de libertar-se,

O amor era muito mais que vento,

Era dia pleno, céu azul e sol de primavera.

Ultima peça do quebra-cabeça, uma imagem qualquer de um pintor famoso, uma taça de vinho refrescando a garganta que trava por conta de um choro escandaloso dentro do seu silêncio. Uma canção invadindo o coração e dando aquela sensação de que tudo parece confuso, dolorido e distante. O poeta disse “o amor é tão curto... o esquecimento é tão longo.”, mas aqui dentro, onde queima esse sentir, que sofre, desespera-se, grita por mais atenção ao mesmo tempo em que se esconde o amor não é pequeno, na verdade não tem proporções. Parecia que tudo entraria em desuso, que não haveria um novo pulsar, envolvimento de cartas num jogo complicado demais dentro da sua simplicidade. Esvaziando o copo para depois enchê-lo e depois beber de uma só vez e gotas descerem pelo nariz, choro, vinho, dor de cabeça. Perder! Ser jogado fora quando a outra parte não tem coragem de invadir o tempo a dois. Vai, completo idiota do nada, afoga-se nesse teu lago obscuro de ignorância e medo. Cabe-me a dor de estar comigo, de saber que sempre depois da dor vem um prazer incalculável de viver, de ultrapassar linhas imaginárias de uma prisão individual onde não há banho de sol e é esse astro que faz a minha pele lutar, transmutar a feiúra e brutalidade de um casulo e voar lânguido com asas frágeis e beleza singular. O quebra-cabeça era uma analogia ridícula do seu ser, porque eu sempre te entendi e sabia que um dia você me deixaria, mas não por mim, mas por você ser cruel de mais consigo e assim por diante com os outros e comigo, mas eu sempre estive de alma inteira ao seu lado, fui sempre amor, e agora, que ainda o sou, mas não mais por ti, mas por mim, é a parte que me cabe e ela é enorme.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Do vôo da mosca à espera da aranha

Horizontalmente seco, rachando o sentir, inchando frases com engano, verticalmente olhando a aranha que tece sua teia louca no canto da parede, entre a pilastra e o teto.

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Ela estava ali sentada, sabia o que viria depois, mas mesmo assim se mantinha calma, afinal era o que queria o que desejara nos últimos meses. Pecado! Isso sua mãe pensaria, mas ela não pensava desse jeito, sabia que sentir prazer não era pecado, apesar de ter ficando tanto tempo se policiando, deixando de se entregar aos homens, mulheres, objetos que hoje lhe dão tamanha grandeza de viver. Quanto tempo perdido e talvez por isso hoje viva com tanta intensidade. O mundo é livre e as pessoas também. E ali sentada, pensava nisso tudo e ansiava que aquele homem lhe tomasse pelos braços e a mulher caísse em meio as suas pernas, mas ainda estavam todos num prelúdio calmo, regado há um bom vinho tinto, ao som de uma guitarra espanhola. Enquanto isso suas entranhas minava, sua boca salivava, até que o interfone tocou, mas um convidado era anunciado e ela deixou de lado a tranquilidade, mas levantou-se certa e tirando a roupa foi receber o rapaz que aparecia a porta. Chegava o momento do ato principal.

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Palavras dedicadas, línguas endurecidas, mãos delicadas, entre o entrar e o sair, ficar. A aranha come a mosca em sua teia úmida.

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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