sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Sobre estradas, fendas, costuras e do gosto que fica na
memória
Tão real quanto as estradas
São as rachaduras que existem nelas
Não me canso de ver as costuras
Mesmo que ali estejam todas as agruras
Bem como tenho constante necessidade
De esgotas as conversas, as discussões, tudo
Derramo silêncios e considerações
Cada margem da rodovia
Parecem espreme-la
Mas só a faz seguir em frente
Mesmo com todas as curvas, rotatórias, entroncamentos
Sempre amei o estradado
Suas nuanças, seus vazios
Ainda hoje lembro do cheiro que me invadiu
As sensações, o gosto na boca
De estar indo, seguindo adiante.
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Previsão do tempo ou [Os corvos, o espantalho e a plantação]
Veja,
eu rio o dia inteiro
Mais
caro a minha dor
E todo
sacrifício que resvala
Vivi
tanto em uma única vida
E vivo,
tanto mais
Tem gosto essa vida. Tem gosto
variado, às vezes fácil de provar, noutras amargo, queimando ou mesmo causando
enjoo como aquele remédio a base de peixe. Tem muito gosto. E nesses dias de
julho quase agosto, tenho experimentado de tanta coisa - desde o desvelar dos
sentimentos, como pondo outros tantos no canto, esperando a hora certa de
colher e lidar com. Tenho sentido dor, venho aprendendo a com-viver com a dor e
tantas vezes adormeço chorando. Ultimamente tenho acordado muito, durante a
noite, durante o dia. E quando acordo de manhã tenho que revisitar os acordos
que tratarei e trato sempre. Às vezes me sinto perdido e quando penso que não
pode piorar, perco-me mais ainda. Hoje foi um dia assim. Que dia? Que dia! E
quem diria que quando a gente se acha perdido na verdade o agente é a cegueira
que criamos. Porque escolhemos ir por aqui e não por ali? Mais cabe e quanto
mais cave, muito mais a des-enterrar, mas para plantar, mola mestra do colher,
é preciso preparar a terra e o solo do meu corpo, de minha mente carece de
trato. Venho tratando com o tempo. Venho conversando comigo, e vou também. E por
mais que o lugar onde se quer chegar seja extremamente importante, ando
percebendo que o eu que vai chegar, em algum lugar muito importante, é tão essencial
quanto ou mais.
Corre e alcança o bonde
O amor eleito é tão, quanto
Me empresta teus ouvidos, teus olhos
E de onde percebo o sim
Só ouço e vejo ou não
quinta-feira, 19 de julho de 2018
C'est parce que c'est toi et moi
Em ser do contra para chamar atenção
A transformação
O avesso mostrou sua face
O que de mim desprendeu enquanto tocava aquela canção?
Faz um longo tempo que teu rosto não me sai do pensamento
Tu não reconheces?
Me dê as horas ...
Um novo caminho ressoa
A tua nudez é o que importa
E comporta o meu olhar
O abraço apertado
Contra o meu peito o teu, pulsantes
Apenas lembra que estou aqui
O esgotar do sentir se faz necessário
Sem desperdício
Falei fora de hora?
Disse no tempo certo de viver.
sábado, 30 de junho de 2018
Telson
Telson
Para se ler ouvindo TOP TOP
na voz de Cássia Eller
A
pia cheia de pratos, as roupas ainda dentro da máquina de lavar depois de três dias
reprocessando. Meu telefone que não para de tocar e de ser acionado por
mensagens de todos os tipos – desde mulheres loucas por um momento comigo como
pessoas solicitando meus serviços. Mas hoje não, hoje não quero, hoje é meu
dia. Escorpião em escorpião. O signo que rege os sentimentos mais profundos e
secretos. Não à toa meu olhar de gato tudo percebe e de quase tudo ri. Sei do
imã, magnetismo extremo, este buraco negro que puxa tudo para si. Gosto de
saber do poder que tenho sobre todos. Posso dizer que meu prazer está em provar
que você depende de mim, de minha presença, deu corpo, pensamentos, risada.
Qualquer um, no mínimo momento que seja de convivência comigo, terá de saber e
sentir o gosto de me ver dominante. Não poderia ser de outra forma. Não existe
meio termo comigo – ame ou odeie. E essa lua em Áries, ah caramba! Combinação
ainda mais que perfeita, liberdade e independência como mote principal de
segurança. Livre. Totalmente livre. Esse gosto de vento, o sabor de voar, não
ter amarras em solo. Hoje sou eu e eu mesmo, como tem de ser, por que não posso
ser subjugado, nada me penetra, nada, nadinha. O meu desejo é um ordem e
pronto. Tenho Vênus em meu signo e claro, sempre desejos profundos e necessidades
intensas, e dentro disto, o sexo é o denominador comum, não me venha com conversinha
meia boca, quero o máximo, o agarrar no ventilador do teto, contorcionismo, selvageria,
pois sou animal, sou eu inteiro em tudo, nada de metade, de pouco. E por conta disso
posso falar em Marte e não é em qualquer lugar, Marte está em Libra, o que é
muito foda, pois junta o diplomático e justiceiro a esse Dom Juan genuíno. Perfeita
combinação. E tudo em mim é bem feito. Dos meus olhos que muito dizem, mas
poucos conseguem ler. Dos meus dentes num sorriso mais que lindo. Da minha capacidade
de ter uma visão estratégica das coisas, de tudo. Em mim tudo que pode ser de
escorpião – de alma e corpo. Não sinto frio na barriga com medo, receio ou
coisa do tipo. Pois quando preciso, sou frio da cabeça aos pés. Isento-me de
qualquer sentimento quando preciso da precisão cirúrgica nas coisas e nisso cabe
dizer que Plutão em meu signo me deixa ciente dos perigos e como sou
estrategista em passar por tudo com segurança e tranquilidade. Quando minha mãe
estava grávida [disse-me quando ainda era criança] ela sentia tantas pontadas na
barriga, que só o que fazia passar era quando ela ia passear ao ar livre,
andava por um tempo, conversando comigo. Ela disse que eu precisava me sentir
seguro para não a machucar. Pouco entendi disso na época, mas sei bem como isso
funciona hoje, afinal, quase não existe momento em que baixo a guarda. Meu pai
queria que eu tivesse nome de príncipe, pois era seu primeiro filho homem, o
varão da família. Como ele estaria feliz em saber o homem que sou. Mas minha
mãe, mais esperta, escorpiana como eu, disse que meu nome seria de príncipe
sim, mas um nome único e assim fui registrado como Telson. Demorei a entender e
me apropriar deste nome. Quando fiz sete anos ganhei de aniversário um escorpião
de brinquedo. Ao abrir a caixa, levei um susto inicialmente, depois o peguei nas
minhas pequeninas mãos e fiquei a observá-lo. Foi quando minha mãe me chamou e
apontou para o ferrão. E perguntou-me: sabe o que é isso? Balancei a cabeça em
negatividade. Ela continuou: aqui é o ferrão do escorpião, onde está seu
veneno. Ele segura as suas presas com as pinças e com este ferrão ele injeta o
veneno mortal. Este ferrão se chama Telson, assim como você. Seu nome é
inspirado em uma parte importante do símbolo do seu signo. Mais tarde você
entenderá isso. Mas o que posso lhe dizer hoje e que você jamais deve se
esquecer, é que você é de escorpião em escorpião. Meu filho, você nasceu para
dar certo, mas o fato de ter seu ferrão sempre sobre a cabeça, significa que
você precisa sempre respirar antes de tomar qualquer decisão. A calma será seu maior
desafio, para que você não acabe se matando. Por isso eu dei esse nome a você - Telson. Para você sempre saber que o veneno está aí, mas só fará efeito se você
usar. Essa é uma parte importante, mas não é a única. Sua cabeça, sua mente,
tudo. Tudo tem sua extrema importância e você tem saber usar tudo a seu favor. Tenha
cuidado meu filho. Tenha muito cuidado. Ela me abraçou e sempre que chega o dia
do meu aniversário fico assim, sozinho, isolo-me de tudo, para poder sentir
aquele abraço e relembrar toda a explicação dela. Tenho aprendido a viver com
os riscos. A conviver comigo. Mas sempre sinto o gosto do veneno me escorrendo.
No fundo, sinto que de tanto conviver com ele, ele já sou eu e da forma que
uso, ele também é o mel que me traz tudo que preciso. Nasci antes do nascer do
sol e tudo que vem a partir daí vem pela força do que puxo para mim. Sou assim.
Simples assim. Quem quer ficar tem de ficar por que quer. Quem não quer?!
Bom...
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