sexta-feira, 16 de julho de 2010

Embalde

O céu se desmanchando sobre tudo, o tempo fechado, a porta fechada. Muita, mas muita chuva sobre o corso do vento que leva correndo. E leva também os pensamentos ao fim de uma estrada engarrafada. A casa no alto do morro toda iluminada, mas parece estar embaçada do ponto em que a vejo. Muita luz vermelha dos automóveis e ainda têm todas elas dentro de mim sinalizando cuidado, perigo. Penso em sair andando, molhando-me todo e escondendo as malditas lágrimas que teimo em segurar. Penso que não sou tão forte como o bicho mais feroz, porque feroz mesmo é a paixão que me arrepia o corpo e parece frio, mas não é, é desejo reprimido, é uma ânsia louca de beijar. Nada de soluções vendidas, dadas, nenhum conselho parece certo e a única coisa óbvia é pensar em você. Por acaso existem flores que brotam no inverno, não, não, não é por acaso. Mexo dentro as coisas em mim caindo, enxurrada, nada mais que percussão tocando de dentro para fora e a vontade de fumar, mas a chuva está debruçada lá fora e apagaria o cigarro. Tudo sem nexo, eu, o trânsito automotivo lunar planetário, o gostar tão dado e não retribuído. Ah! Lembrei que esqueci roupas no varal, nada anda tudo parado e eu tão longe, tão perto e essa distância massacra, há poucos bueiros para escorrer tanta água. Será que o tempo abrirá? Amargosa saudade, adocicada chuvarada. Para onde escoar? Voltei porque me lembrei de certo sorriso. Tanta sede diante de tanto líquido e aquela me disse: Ei, agora entendo o peixe! É igual a você pisciano, risos... que nessa imensidão liquida tem o mundo para se embriagar.”. Mas não quero isso, quero aquilo, aquele amor, a perpetuação do gostar enquanto resistir. Mas ainda estou preso há longa fila de carros, os faróis acesos, as luzes vermelhas ligadas enfurecidas, eu louco, centrado, calado, querendo sair por aí e me perder e me achar

Um comentário:

Solange Maia disse...

ah Plinio...
esses quereres...
e esse amor retesado,
e tanta água lá fora...

senti cada uma das suas palavras...
lindas...
doídas...
suas...
minhas...
de tanta gente...

que lindo amigo !

beijo grande

(adoro te ler...)

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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