quinta-feira, 22 de julho de 2010

Uma certa guerra

Um gosto diferente na boca. Pele escurecida pela fuligem. Aquele fogo, o incêndio interno, a força grotesca que nos leva ao estado primitivo. Chegou a mim como algo simples, mas que crescia à medida que o tempo ia passando. Quando cheguei ao trabalho era tudo um caos e o filho da puta de meu chefe já aos berros. Meu estômago doía e eu precisava me libertar de tudo. O escritório da obra ficava em meio há pilhas de madeira. Não seria difícil atear fogo de forma que queimasse rápido. O dia estava seco, o sol a pino. O maldito chefe nunca saía para almoçar, preferia comer aqueles sanduíches gordurosos, sentado a frente do computador. Vários pontos de fogo ao redor do escritório improvisado e então estava feita minha fogueira, eu começava a queimar meu carrasco. Quanto mais as chamas se alastravam, mais sentia prazer, mais algo extraordinário acontecia dentro de mim. Ele não tinha como sair, eu ouvia seus berros e esses soavam como música para meus ouvidos. As pessoas começaram a correr para tentar ajudar, mas eu só olhava, apreciava a cena. Muita fumaça e cinzas da madeira queimando. O gosto que eu sentia na boca é indescritível. Paz. É isso que sinto agora que tudo se acabou e só restam brasas.

2 comentários:

Solange Maia disse...

uau... e que guerra é essa, tão inflamada ?!?!...

beijos

Simone Adriana disse...

Gostei...me visite, quem sabe possamos trocar alguma idéias...

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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