Previsão do tempo ou [Os corvos, o espantalho e a plantação]
Veja,
eu rio o dia inteiro
Mais
caro a minha dor
E todo
sacrifício que resvala
Vivi
tanto em uma única vida
E vivo,
tanto mais
Tem gosto essa vida. Tem gosto
variado, às vezes fácil de provar, noutras amargo, queimando ou mesmo causando
enjoo como aquele remédio a base de peixe. Tem muito gosto. E nesses dias de
julho quase agosto, tenho experimentado de tanta coisa - desde o desvelar dos
sentimentos, como pondo outros tantos no canto, esperando a hora certa de
colher e lidar com. Tenho sentido dor, venho aprendendo a com-viver com a dor e
tantas vezes adormeço chorando. Ultimamente tenho acordado muito, durante a
noite, durante o dia. E quando acordo de manhã tenho que revisitar os acordos
que tratarei e trato sempre. Às vezes me sinto perdido e quando penso que não
pode piorar, perco-me mais ainda. Hoje foi um dia assim. Que dia? Que dia! E
quem diria que quando a gente se acha perdido na verdade o agente é a cegueira
que criamos. Porque escolhemos ir por aqui e não por ali? Mais cabe e quanto
mais cave, muito mais a des-enterrar, mas para plantar, mola mestra do colher,
é preciso preparar a terra e o solo do meu corpo, de minha mente carece de
trato. Venho tratando com o tempo. Venho conversando comigo, e vou também. E por
mais que o lugar onde se quer chegar seja extremamente importante, ando
percebendo que o eu que vai chegar, em algum lugar muito importante, é tão essencial
quanto ou mais.
Corre e alcança o bonde
O amor eleito é tão, quanto
Me empresta teus ouvidos, teus olhos
E de onde percebo o sim
Só ouço e vejo ou não
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