sábado, 6 de dezembro de 2014

Chove aqui dentro e lá fora ou Olhos de chuva em cima de mim

Janeiro está perto. As moções podem chegar a qualquer momento. Saiba que nada é por acaso. Absolutamente nada. A música caribenha que toca faz mexer uma parte de mim que estava esquecida. Como é bom dançar. É antigo o ato de dançar e é animalesco. Aquela sensação de ter se apaixonado a primeira vista e de ter deixado o momento passar. O vazio que me deixa. Por quê? Por quem? O silêncio que incomoda. Porque muito se diz nesse espaço. O teto de zinco está furado. Agora que começa a chover lá fora. Daqui ha pouco as gotas molharão tudo. Mas a questão é justamente a sobreposição das águas. A mão na boca, lambendo os dedos, é tão bom comer aquilo que você gosta. Mas comer com as mãos. Lambuzar. Já se infiltra. Escorre pelas paredes. Pelo menos a parte em que está a rede não molha e posso ficar ali, balançando. A dor e o choro. A chuva. O sal faz boiar. Mas não há água suficiente para isso. Engole o choro, levando a mão na boca com o capitão de arroz e carne seca. Uma pena que vai estragar os quadros. Resgatei-os do lixo. Mas ficaram tão bem onde estão. Não é bem o céu tudo isso, mas tem chuva. Rio. Ainda não perdi a capacidade de rir de mim, das besteiras todas que penso e falo para as paredes. Só. E o vazio que me deixa. Se amanhã fizer sol trato de consertar esse telhado. Enquanto isso, balanço. A música porto-riquenha não para de tocar. Ou é caribenha? Não importa. Agora já não importam as definições. Se é chuva ou choro, no fim tudo está molhado. E pronto. E ponto. 

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