#Sobre todas os telhados das
casas vizinhas e das outras todas desta cidade está escorrendo, sendo derramado
em vértice-poema o choro da noite. Começou calmo, meio que sendo segurado, sei
lá. Mas bastou o olhar mais direto da lua e tudo transbordou.
#Tenho a roupa limpa, acabara de
tomar banho, passei aquela seiva que ganhei de aniversário, se não me engano,
foi quando completei vinte e seis anos.
#O espelho está embaçado. Não.
Todos os espelhos estão embaçados. Não consigo definir quem sou quando me olho.
Muito mais que uma imagem invertida de mim. É como se estivesse derretendo do
outro lado.
#Tapo a boca com a mão esquerda
perante o espanto. Não vi nada demais, na verdade nada vi. É que o pensamento
que me tomou foi tão inconsequente. Porque os pensamentos são assim, nos
espantam e as vezes nos falas calar?
#Desnudado diante da guitarra
espanhola, dancei livre, todos estavam ali, todos ouviam, mas só eu estava em
pele, dançando. Alguém pareceu me notar, o olhar até tinha um ‘q’ de apreensão,
como se quisesse me alertar. Mas eu sabia bem de mim.
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