segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Contra a parede. Certo filme turco.

Aquela letra

- Você está de bom ou mau humor?

- Ambos.

- Você precisa descansar.

- Sei disso. Mas realmente não estou para conversa.

- Tudo bem. Tudo bem.

O amor é um carrossel. Você sempre em círculos, em círculos, num cavalo de madeira, circulo, desce, sobe, desce, sobe. Ninguém entende, eu não entendo. Alias, até tento, penso que o amor não é só a paz e a tranquilidade que eu tanto ouvia nas histórias de finais felizes. Porém a vida adulta chegou faz é tempo e eu subindo e descendo nesse carrossel. Aquele dia em que você disse não, e mais, disse que não havia mais espaço para o nós, que o tempo tinha se findado e agora só nos restava caminhos opostos, distantes. Você tão fria, tão certa de si, no que dizia como agia, e eu um ser pequeno, prestes a ser engolido por você, pelo mundo; logo eu, eu que sempre fui o leão atrás dos zebus, das gazelas, dia após dia, caçando, sabido de si. Agora são somente os cacos de vidro copo do sobre o balcão e eu esfregando as mãos e os pulsos, querendo por um fim nessa conversa, nesse desatino seu, e meu, e nosso, nosso esse que você disse não poder mais, não haver mais, e você vem me perguntar de mau humor, de bom humor, e eu sangrando afundando segurando os fios imaginários do teus cabelos para não morrer, não acabar. Você não entende. É Amor, foi amor, estar sendo amor, mesmo tão prolixo, não o lixo como você parece crer, é amor. Cortaram nossa árvore. Não é possível que não se lembre da nossa árvore, aquela em que tantas vezes nos amamos sob sua copa sombrosa, aquela em que talhamos nossos nomes dentro de um coração torto, mal feito, mas o nosso coração, o coração do nosso amor. Daí você diz: Be happy! Incrível como você passa por cima de mim como um rolo compressor, simples, leve, e compactador, e agora me diz que está feliz, que são outros tempos, mas não o meu tempo com o seu tempo, apenas seu momento:feliz. Não fale mais, não olhe para mim, porque não consigo mais me segurar sobre esse muro estreito, não consigo ser o leão que te caçava todos os dias, tudo que aparece desaparece novamente, eu você o leão, contra a parede, contra o muro, não em cima dele, contra ele, minha cara amassada. E a banda continua tocando, a sua música favorita, eles parecem estar sobre o rio e por detrás a cidade iluminada, menos o meu quarto, o nosso quarto que você abandonou. A musica tocando, a bendita maldita musica tocando, a banda, a cidade, as luzes e eu? Agora realmente é o fim, preciso deixar tudo, deixar esse sentimento ser queimado na madeira da nossa árvore que tombou que cortaram e agora deve queimar em alguma lareira, em algum forno, acabou não é mesmo, é isso que você quer, quis, está querendo. Tudo bem. Você não entende. Eu sangro, eu no muro, contra a parede. Você partindo eu ficando, sem mais. Eu no bar, desandado, bebendo, você saindo, a musica tocando a banda sobre o rio a cidade cacos de vidro balcão pulsos e mãos esfregando sangue a musica findando: “... que meus inimigos fiquem cegos.” Ninguém mais precisa ver o talho na árvore.

Um comentário:

Solange Maia disse...

e como dói...

lindo, tocante, doído...

beijo

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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