Sempre fui anunciada por eles como a menina de voz forte e marcante. Em cada apresentação um deles se encarregava de lançar meu nome depois dessa maldita frase. Ruy, Pedro, Luiz, Carlos e Armando. Eles tocavam um blues e um jazz muito peculiar, cheio de ginga, que se ouvíssemos de longe e nesse momento fechássemos os olhos, pensaríamos estar num casebre transformado em bar num certo bairro norte-americano, com muita fumaça de cigarros e muitos negros dentro desse local. Assim os ouvi da primeira vez e nesse mesmo dia pedi-lhes durante o intervalo que me deixassem cantar uma música na segunda parte da apresentação. Depois de se entreolharem me permitiram receosos, afinal não sabiam quem eu era; de onde eu vinha. Subi ao pequeno palco de cimento que ficava no canto do bar e cantei lindamente, sem modéstia nenhuma, a canção Sophisticated Lady que a Billie Holiday interpretou extraordinariamente, e a cada frase que soltava mais as bocas deles se abriam, os poucos expectadores começaram a prestar atenção no quinteto e naquela menina, e eu, ardia em pleno palco. Cantava com todo meu útero, queria deixá-los sem fôlego, sem chão, não foi à toa que os aplausos foram convincentes ao fim da musica. Fui ao bar, pedi uma dose de gim tônica e acendi um cigarro. Algumas pessoas vieram me cumprimentar e eu sentia todos os cinco me olhando lá do palco, tocavam lindamente tentando me fazer prestar atenção, solavam, mas eu nem lhes dava bola. Foi assim que nos conhecemos...
Um comentário:
No vendaval da Vida
Ter novo horizonte
Beber na doce fonte
Ver o nascer do sol
Limpar meu coração
Pegar um girassol
Ofertar aos meus amigos
Reviver a esperança
Feliz como uma criança
Vivendo essa emoção.
um beijo
Postar um comentário