sábado, 6 de março de 2010

Pano de fundo

Fogos de artifício, cama com lençóis vermelhos, imagem no espelho, vela queimando e derretendo sobre a penteadeira. Depois era sonho, estava fora de tudo que estava fazendo, imagem refletida de cabeça para baixo na piscina, querem encontrar explicações em tudo, dissecar, esmiuçar um tudo, que no vão se ergue e caí, caí profundo na piscina que é ilusão, que evapora, esfumaça. Há pouco os dois sentados à beira da cama, tiraram os sapatos, depois as camisas, as calças, suas roupas de baixo e por último as meias, só então houve o beijo, e depois o sexo, o lamber, o gemer, mordiscar, e tudo se transformou numa grande casa de espelhos, vários dois que é um, iguais, diferentes, mas aqueles dois que se esfregam, se consomem, penetram-se, o mundo perfeito, o mundo acabando, quero poder escolher, poder dizer, bem como não ter que escolher e vejo tudo que faço, de fora, observador de uma cena, aquela em que me encontro, entre fogos estourando lá fora, nos vermelhos lençóis que realçam a brancura do meu corpo, desperto de um sonho vazio, sem explicações, sem verdades ou mentiras, volto para o gozo, para o prazer, por não dormia, voltei. Era saudade que me tirava daqui, saudade de depois tudo terminar, de ser momento passageiro, de não mais ter em meus braços o teu corpo, de perder o teu gosto, o teu cheiro. Mas voltei, porque precisava continuar, chegar ao ápice, ao cume, marcar-te com minha invasão, mesmo cego em meio há um tiroteio, guerra de nervos, de orgulho, eu bobo, indignado por estar carente de ti mesmo antes de se afastar. A vela acabando, o tempo esvaindo, será que dormirás comigo ou irás embora como rio, como vento? Quero dizer alguma coisa, você geme, eu permaneço calado, tem de ser agora, preciso dizer, não sai, fico sem voz, meu coração acelerando, acelerado, você gemendo, olhos fechados, eu te olhando, beijo, cheiro, preciso dizer, mas não convencional, não do jeito que todos dizem, porque sinto saudade, porque não quero que acabe aqui, agora, com o gozo, você abre os olhos, olhos nos olhos, ou é agora ou não sei se haverá outra chance - dorme comigo, não vai embora, gosto de estar contigo, preciso de você por mais tempo, na verdade, o que eu quero dizer, quero dizer, quero te dizer, que não paro de pensar, de... é difícil para mim falar, porque não sou de falar, você sabe disso, pois bem, é que acho que é paixão, é amor, quero você mais tempo do meu lado. É isso, é isso que eu precisava te dizer. Falei - E agora? Permanece calado, esse olhar, o que quer me dizer? Meu Deus, porque é tão difícil, nunca passei por isso. Agora me beija, um abraço forte, será que quer dizer que vai ficar, que sente algo próximo? Silêncio aqui dentro e os fogos ainda estouram, é fim de ano, é espumante, é tempo de renovação. E o que faço agora, o que penso? É mais profundo, é mais rápido, é mais esplêndido, eu ouvi um eu te amo. Eu ouvi um eu te amo? Devo estar em devaneios novamente, repete, repete, quero ouvir, silêncio - também quero estar ao seu lado, mais, amo sua companhia, mas chega de ser escondido, furtivo, vamos mas além, vamos. Eu te amo - Eu ouvi, foi isso mesmo, mais fogos, desta vez dentro de mim, é êxtase. É realidade.

2 comentários:

Solange Maia disse...

Plinio,

que lindo....

sabe... as vezes acho que falar o amor salva...

ele tem que ser dito...

além de sentido, vivido, pensado...

tem que ser dito...

aí sim ele perpetua em nossas almas... por todo o sempre !!!!!


que bom que você ouviu "eu te amo"... que bom...

beijo

Ella? disse...

NOSSA!

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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