quarta-feira, 14 de abril de 2010

Do grande amor – Aos amigos plenos.

Para se ler ouvindo Embebado na voz de Gal costa.

Hoje queria um chapéu que me tampasse o rosto. Não, não. Isso eu não queria, porque na verdade, deixei de lado a vergonha a partir do momento que comecei a pensar em escrever. Podia começar pelo fato, pelo obvio, mas ao que me parece um tanto previsível, prefiro falar de pipas. Sim, aquelas em que passávamos manhãs ou tardes inteiras usando papel de seda colorido, taliscas de palhas de coqueiro e cola branca. Depois, presas há uma boa linha, às vezes, temperadas (não era proibido na época). Acrescenta-se ainda uma bela rabada para poder equilibrar o vôo macio pelo azul de um céu do interior. Era uma farra, uma algazarra só, todos ali, doidos para cortar a linha do oponente que era amigo, e, depois aquela correria toda, porque alguém perdeu ‘a guerra’. Bons e preciosos tempos. Mas a grande metáfora, ou talvez não seja uma, é que entre o preparar e o empinar uma pipa, existia uma confidência, um consentimento, uma ajuda mútua de ter entre os seus os mais belos exemplares de planadores no céu. Mesmo que depois houvesse a dita ‘guerra’, mas sempre fomos e sempre seremos cúmplices, amigos, que de alguma forma, estávamos juntos para vermo-nos voar, coloridos, ferozes. O tempo foi passando e já não estamos em céu azul e tranquilo do interior – apesar (graças a Deus) de continuarmos amigos, fiéis, mesmo que distantes, mesmo que nem sempre lado a lado num conclave de lendários empinadores de pipa. Surgiram novas personas, novos colaboradores, novos ouvidos para desabafos, novos pioneiros em dividir descobertas de tantas-coisas-juntos. Agora são outros tempos, as afinidades são outras, buscamos conforto nas relações, não nos deixamos levar por qualquer papo (claro que erramos vez ou outra, sempre, nas escolhas), nem muito menos nos prendemos à superficialidade das coisas, das relações. Mas ao falar de amor, hoje, prefiro referir-me aos meus amigos. Não que não exista espaço para um amor carnal, de casamento, ou coisa e tal, mas é que de alguma forma, neste exato momento de minha vida, quero externar mais os meus sentimentos para com os meus amigos. Afinal, na banalização das relações, acabamos nos esquecendo de dizer: Obrigado meu amigo! Como você é importante em minha vida! Desculpe por lhe ‘encher o saco’! Ou mesmo, simples e verdadeiramente: Amo você! Mas não pense que isso deve ocorrer da mesma forma que muitas vezes estamos utilizando em nossas relações de amor/paixão – banal, sem verdade, sem encher os olhos de lágrimas, sem soar humano e verdadeiro mesmo. Pelo contrário, da mesma forma que creio que devemos dizer que amamos, devemos transbordar isso nos atos. Porque afinal, o amar não está contido somente no ‘eu te amo’. Assim, neste dia que acabei me lembrando de pipas soltas num céu qualquer, que possamos ser livres em declarar o amor aos amigos, aqueles dos quais não conseguiríamos viver sem.

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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