segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Com fuso perdido entre horário e anti-horário.


Sinuoso caminho
Entre brumas que escondem os olhos
Entre olhos que não querem ver
O mundo que quer desaparecer por entre os dedos
Fumaça espessa de cigarro ardendo o olfato
Água barulhenta entre os meus pés
Terra quente por meus ouvidos
Capim verde amargando a pele
Curva abstrata na memória da boca
Caminho cínico perdido entre abismos de mãos
Não cabe mais,
Não vive mais,
Não chove mais,
Não ri mais,
O estender esgarçado roeu as linhas do tempo
A loucura nefasta comeu o último pedaço de doce
A voz dolorida cantava histérica,
Os ouvidos ansiosos nada podiam ouvir,
Olvido de tudo o nariz nada sentia, apenas queria sentir
Os pés não corriam, não andavam, sôfregos
Perdeu-se tudo,
Se tudo perdeu,
Tudo se perdeu,
Perdeu tudo se,
Divina comédia do não fazer rir, nem chorar, nem nada, nem coisa nenhuma,
Deu-se por demais,
Demais por se deu,
Se por deu demais,
Por se demais deu,
E foi, seguiu, simples, confuso, insinuativo,
Substantivo demais,
Adjetivos de menos,
mais ou menos,
advérbios seguidos de predicados, desalinhando coesão e coerência.
Assim, como foi, sendo isso pois, passado, atrás.
Espinho no pé,
corte na mão, boca azeda.

Um comentário:

Unknown disse...

O texto é muito bom. Mas a apropriação que fiz dele, a leitura que fiz dele acabou por gerar sentimentos (con)fusos. Contudo, assim como o autor nem sempre revela o sentido do texto, o leitor também pode reservar para si a leitura que fez do mesmo.

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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