Um vento forte espalhando toda essas folhas secas por aí e nenhum esforço que eu faça é suficiente para juntar tamanha bagunça. As paredes estão gastas do tempo e pelos respingos de chuva que volta e meia caem por aqui. Sempre penso em cortar essa amendoeira da porta de casa, mas desisto e na primavera as folhas tornam a cair. Lembro de minha infância em que minha boca ficava roxeada de tantas frutos que comia e dos dedos escurecidos de quebrar os caroços para tirar as amêndoas. Tarde chuvosas em que procurávamos não ficar em baixo da árvore, com medo dos raios e trovões. Mas tanta coisa se perdeu, a infância se foi, a maioria dos vizinhos cortaram suas amendoeiras e eu resisto, insisto em ter folhas secas em minha calçada, um capricho saudosista. Ainda mais quando ponho o disco do Bernard pra tocar e lembro de minha amada mãe, dos nossos sábados de faxina, da cera no taco, do cozido de carne fresca, do cheiro de casa limpa. Bons tempos te outrora, bons tempos.
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Parte de mim - o que vira escrita...
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