sábado, 20 de dezembro de 2008

Quando voltar pode ser tarde - Hercília onde andas?


Pouco tempo antes de ir embora daquele lugar, com receio sim, mas com muito mais vontade de ver Hercília, voltei aquela casarão de esquina, precisava vê-la mais uma vez, mesmo que fosse a última vez.
"... Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat..."
A vida parecia me pedir para regressar e dizer algumas coisas que eu não disse, como o quanto ela me fez crer no amor, no desejo e principalmente no sonho.
Entrei lá, procurei por ela, calado, percebi que não estava no salão e fui subindo as escadas, sabia qual era seu quarto e adentrei.
"... Dire qu'il suffit parfois
Qu'il y ait un navire
Pour que tout se déchire
Quand le navire s'en va...
Il emmenait avec lui
La douce aux yeux si tendres
Qui n'a pas su comprendre
Qu'elle brisait votre vie
L'amour, ça fait pleurer
Comme quoi l'existence
Ça vous donne toutes les chances
Pour les reprendre après..."
Lá não estavas mais, outra moça estava deitada em sua cama, indaguei sobre Hercília, a moça morena me disse que havia partido a poucos dias, dizia a todos estar indo para Paris e rio, resmungando: "Louca, sonhadora, iludida". Tive vontade de lhe enfiar a mão na cara, mas me contive, não valeria a pena e não seria do meu feitio.
Saí dali, com um estranhamento dentro de mim, uma vontade de chorar, de correr gritando pelas ruas, mas apenas sentei num banco de praça, acendi um cigarro e permiti viajar em pensamento.
Imaginei-me pelas ruas de Paris com Hercília, de mãos dadas, olhando as casas imponentes, as árvores sem folhas por causa do inverno, os transeuntes bem vestidos.
Não sei se um dia voltarei a ver Hercília, mas ela jamais sairá de minha memória, jamais.
"... Entraînée par la foule qui s'élance..."
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Citação de trechos das canções: La Foule e Milord de Edith Piaf

2 comentários:

Thiago disse...

Hercília... terá sido real? A vertigem, a náusea, o bordel, a fumaça no quarto, o clima de sonho. Feche os olhos e encontre Hercília. Não se esqueça de abrir os braços.

Unknown disse...

Piaf...

As memórias são como os sonhos: nunca envelhecem.

Até conseguimos Ver os detalhes e se não conseguimos viver o ideal, resta-nos cantá-lo.

Meu amigo, isso aqui tá bom demais...

longa vida ao blog!

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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