sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Momento bom - o resgate.


Onde tudo começou.
Estive ali porque era preciso regressar e resgatar alguns sentimentos e outras tantas coisas que existem, sinalizam em mim, mas que estavam meio que como desenhos feito a lápis e que com o tempo vai se apagando.
Precisava do contato, do toque, dos pés no chão, na terra onde todos os meus pisaram e ali me ensinaram formas de sentir, de externar, de esconder, de viver a vida.
Foi ali que aprendi a ser humano também e que montado num cavalo percorri lugares dentro de mim que só eu poderia encontrar e entender.
Quando ainda criança ao lado de meu avô, deixar de estar naquele lugar um dia que fosse, era como se eu estivesse incompleto, sem nexo.
Onde minha mãe me levava para bater o feijão, mesmo em dias de prova, porque as vezes não tinha com quem me deixar e aquilo tudo era um luxo e eu amava, ver a festa da colheita, as panelas de barro cozinhando o feijão que acabara de ser colhido.
Minha avó era a rainha do vamos fazer e tudo fazia realmente. Minha madrinha, meu amor.
Lembro-me das surras que levei por ser levado de mais.
O prazer de correr pelos ninhos das galinhas para pegar os ovos a pouco postos e que eram sinalizados num cocorocó. E eu corria, corria, andava, percorria todos os lugares, porque tudo aquilo era mágico, era minha infância, minha família.
As feiras do Tijuaçu nas segundas-feira com todos os negros por ali, vendendo, comprando, conversando. E o Neto, aquele menino danado, era conhecido por todos.
Os gizados no quintal da casa da rua, o açougue do vovô, o corte no dedo com a faca amolada, a casa da Maria, mãe da Ciene.
Adorava ir a casa da Caía, primeiro porque gostava mesmo, tinha uma boa energia lá e depois porque ela sempre me dava de presentes frangos e periquitos para eu criar.
As corridas de argolinha e eu montado no pombo roxo, morria de medo desse cavalo, mas subia, afinal era o melhor cavalo que meu avô tinha.
São muitas as memórias dali, eu precisava voltar, para resgatas forças e energias, e perceber que não posso deixar as imagens do meu passado se apagar, pelo contrário, tenho que fazê-las vivas, para poder ser sempre quem sou na vivência do meu presente e construção do meu futuro.

2 comentários:

Flávia disse...

Me fez refletir sobre a necessidade dos meus próprios resgates. Uma hora chega em que não dá mais para adiar, não é?

Beijos!

Ana Aitak disse...

Bonito demais ouvir isso, pois é como uma boa melodia, também tive uma infância parecida, acho que são coisas da memória eterna esses momentos mágicos que nos constroem até hoje.

Parte de mim - o que vira escrita...

Os que me olham, me sentem e me acomapanham

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